COGNOMES PELOS QUAIS DESCALVADO É CONHECIDO

 

- “PRINCESA DA BACIA GUAÇUANA” - pela característica própria e peculiar do Município, cujas terras são cortadas pelas águas do Rio Mogi-Guaçu.

 

- “CAPITAL DO FRANGO DE CORTE” - quando alcançou a marca de 1.500.000 frangos de corte abatidos por mês, no início dos anos 70.

 

DADOS GEOGRÁFICOS (Gerson Álfio De Marco)

 

Latitude: S 21º 54' 05"

Longitude: W GR 47º 37' 26"

Referência cartográfica: SF - 23 - V - C - IV - 4

Posição relativa à Capital: Noroeste

Distância da capital por rodovia:  242 km

Área: 757,20 km2 (IBGE – Resolução 24 de 25/7/97)

Descalvado ocupa a 76 posição em área, dentre os municípios do Estado de São Paulo.

Relevo: Planalto

Altitude: 648 m.

Ponto Culminante: Morro do Descalvado com 900 metros

Em estudo geográfico o Professor Helmut Troppmair escreveu: A CIDADE: Descalvado, fundada em l.832 teve seu apogeu no fim do século XIX quando as terras do município foram invadidas pelos milhares de pés de café.  Com a crise na lavoura  a cidade ficou mais pacata.  A área urbanizada se estende sobre um esporão formado por uma intrusão de roxa diabásia que avança da cuesta ou “serra” de Descalvado.  Esta elevação acusa altitude média de 670 a 685 metros, é limitada a oeste e norte pelo córrego do Prata e a leste pelo Ribeirão Bonito. Ambos os rios são cortados pela cota altimétrica de 640 metros.  Uma pessoa que vai da estação ao jardim velho precisa subir 45m. As baixadas formadas pelos rios citados atuam como obstáculos à expansão da cidade nestas direções, fato que explica que os bairros novos e os loteamentos de terrenos se encontram mais na direção sul (Saída para São Carlos) enquanto o crescimento é menor em direção ao norte (bairro da Santa Cruz). A estrada de ferro, como em muitas cidades paulistas, instalou seus trilhos na onda verde do café.  Quando chegou à Descalvado em l.882, as terras já tinham sidos ocupadas restando somente as baixadas “imprestáveis” e portanto mais baratas. Deste modo os trilhos do ramal da Companhia Paulista serpenteavam muitas vezes sobre aterros, acompanhando os leitos do córrego do Prata e do Ribeirão Bonito. No  centro da cidade temos duas áreas verdes principais: o jardim da matriz e o jardim velho, que nos fins de semana e nos dias de feriado se transformam em ponto de atração da população, já que aí se formam os maiores pontos de concentração. Descalvado é uma cidade diversificada. Ao lado de casarões antigos que atestam uma época que já vai longe surgem casas de linhas arquitetônicas modernas. Uma campanha de isenção de impostos, oferta de terreno e outras facilidades, procura atrair novos estabelecimentos industriais para dar nova vida e novo impulso à cidade.

A POSIÇÃO DE DESCALVADO:    O termo “posição” de uma cidade significa para os Geógrafos, localização e relações que uma cidade tem com toda uma região ou mesmo um estado. Se queremos estudar uma cidade precisamos recorrer às fontes históricas que nos explicam o porque desta ou daquela cidade ter surgido em determinado lugar. É atrás de cada fato histórico que há um fato geográfico. Assim nos séculos passados, quando se deu a colonização do nosso estado, vários foram os motivos responsáveis pela posição das cidades. Vejamos alguns exemplos: No século dezessete e dezoito, as cidades se localizaram junto a um rio, onde havia um vale porque este oferecia o meio de transporte mais fácil, eram os portos. Assim podemos citar: Porto Feliz, Porto Ferreira, Tietê. Outras cidades surgiram junto a encruzilhadas de estradas e como exemplo citamos Campinas e Rio Claro. Já no fim do século XIX as cidades surgiram nas pontas de trilho, onde se localizava o “sertão” de São José do Rio Preto. Muitas destas cidades evoluíram rapidamente e constituem hoje “nós” de entroncamento das ferrovias e rodovias: Campinas, Bauru, Jaú, são exemplos. Um verdadeiro colar de cidade do Estado de São Paulo teve sua origem ligada a área onde o terreno oferecia um obstáculo ou no contato de regiões com economia diferente. O Estado de São Paulo pode ser dividido em 4 regiões geográficas todas com aspectos físicos humanos e principalmente econômico diferentes, a “Depressão Periférica” de solos férteis de terra roxa e com intensa agricultura. Assim no século XIX, no contato destas duas regiões, aliado ao obstáculo que representava para as tropas a serra de Itaqueri (que recebe nomes populares como Cuesta de São Pedro, Serra dos Padres,etc), surgiram cidades como Descalvado, Rio das Pedras, São Roque, São Pedro, Corumbataí. Desenvolvia-se ai um intenso intercâmbio de produtos, reforçado no fim do século XIX com a cultura do café.             A altitude oficial da estação de Descalvado acusa 648 metros portanto confirma a posição intermediária entre a depressão de 550 a 600 metros e planalto Ocidental  de 800 a 900 metros. Hoje a cidade tem fácil contato com qualquer área do estado seja pelas rodovias asfaltadas, distando 240 quilômetros da capital do Estado.

Clima: Temperado Mínima 5º - Máxima 32º - Média 24º

Umidade relativa do ar: 20 a 30%

Índice Pluviométrico: 1.100 m/m a 1300 m/m

Precipitação Pluviométrica:

Mínima 30

Máxima 200

Média anual 165

                Com referência ao clima, escreveu o Prof. Helmut Troppmair: Descalvado, situado no centro do Estado de São Paulo, está incluído na área do clima “Cwa”, segundo a classificação de Koeppen. As letras significam: “C” o mês mais frio apresenta temperaturas entre 18 e 3 graus centígrados; “W” a estação seca é no inverno; e “A” a temperatura do mês mais quente é superior a 22 graus centígrados. Analisemos os dados de clima e de tempo de Descalvado. Verificamos que por ano chove 1.500 a 2.000 mm, isto significa, que se a água das chuvas não se infiltrasse e escoasse, a superfície de nossa região seria coberta por uma camada de 1/2 a 2 metros de água. As chuvas que caem em nossa região são “chuvas frontais” isto é, uma massa fria (polar) se choca com uma massa quente (tropical), é por isso que o povo diz “esta chuva vai trazer frio”. Em verdade se dá o contrário “o frio é que traz a chuva”. São chuvas violentas temidas pelos agricultores uma vez que carregam todo o solo morro abaixo. Na década de 60 chegou a cair, numa noite 12 centímetros de chuva causando um desbarrancamento da rodovia Porto Ferreira - São Carlos próximo ao trevo desta última cidade, carregando 4.000 metros cúbicos de terra. Foram necessários mais ou menos 1.500 viagens de caminhões carregando terra, para refazer a estrada. Quanto às temperaturas, notamos que as mais altas (28º C) se registram no fim do ano quando predomina a massa tropical e equatorial, enquanto as mais baixas (10º C) no meio do ano, sob a influência da massa polar. Como o Estado de São Paulo é cortado pelo trópico de Capricórnio, estamos numa faixa limítrofe, dominados ora por massa frias, sendo muito comum as mudanças muito bruscas de temperatura. Já registramos num dia às 14 horas uma temperatura de 32º C e às 2 horas da madrugada o termômetro acusava 15º C, houve assim uma queda de 17º C. Em resumo podemos dizer que o clima de Descalvado é do tipo tropical com uma estação seca no meio do ano (quando domina a massa polar) e uma estação de chuvas no fim e começo do ano (quando atuam as massas tropicais e equatoriais). As chuvas frontais são abundantes e violentas, responsáveis pelo empobrecimento e erosão do solo. Mudanças térmicas bruscas são comuns, causadas pela posição limítrofe de encontro de diferentes tipos de massas de ar.

 

DISTÂNCIAS POR RODOVIAS:

 

Descalvado a São Paulo (Anhangüera) - 242 km

Descalvado a Brasília - 960 km

Descalvado a Campinas - 149 km

Descalvado a Ribeirão Preto - 98 km

Descalvado a Porto Ferreira - 14 km

Descalvado a Pirassununga - 31 km

Descalvado a São Carlos - 34 km

Descalvado a Araraquara - 78 km

Descalvado a Santa Rita do Passa Quatro - 40 km

Descalvado a Analândia - 28 km (rodovia municipal)

Descalvado a Luiz Antonio - 57 km (rodovia municipal)

Descalvado a Barra Bonita – 120 km ( Acesso ao Rio Tietê  para o Mercosul)

 

Geologia:

 

Rochas e tipos de solo:  A contextura rochosa do município de Descalvado é predominantemente basáltica, com os seguintes tipos de solo: latosol roxo, latosol vermelho-amarelo fase arenosa, podzólico vermelho-amarelo, latosol substrato diabásio, regosol, hidromorfo, aluvial e lixosol.

 

Formação geológica das terras: 80% de arenitos de formação Corumbataí (terra regular) e 20% de terrenos eruptivos, resultantes da decomposição de basalto (terra ótima)

 

A respeito de nosso solo escreveu o Prof. Helmut Troppmair: Temos percorrido o município em diversas direções e muitas vezes paramos junto a cortes de estrada para fazermos levantamentos de perfis de solo. Essas observações confrontamos com os dados do  “Reconhecimento dos solos do Estado de São Paulo e nos levaram a concluir que no município existem os seguintes tipos de solos. a) Predominam os Latosois-Roxos ou terra roxa, que cobrem 60% da área do município. Aparecendo a Sudeste (em direção a Pirassununga), sudoeste e norte. Este tipo de solo se formou pela decomposição de rochas básicas (basalto), sendo por isso bastante argilosos, pouco ácidos ph 5,5 e com profundidade de aproximadamente 3 metros. São bem arejados que é um dos motivos de sua coloração roxa. Por serem extremamente férteis foram outrora ocupadas pelo café, hoje porém pela cana de açúcar. b) Seguem-se os Latosois-Vermelhos – Amarelos fase arenosa.Perfazem 15% da área do município e aparecem a nordeste, em direção a Porto Ferreira. A origem destes solos está ligada à decomposição de arenitos, são portanto muito arenosos (50%) o que permite uma grande infiltração e percolação da água das chuvas. Dá-se portanto uma lavagem da terra, desaparecendo as bases, tornando-se a mesma ácida (ph 4,5 a 5) e extremamente pobre. A vegetação natural era formada principalmente pela grama barba-de-bode, palmeira indaiá e o barbatimão. c) Em terceiro lugar aparecem em direção sul (Horto Florestal Aurora) e noroeste (fazenda Batalha) OS REGOSOIS. Também estes solos se originaram de arenitos, sendo porém mais arenosos ainda que o grupo anterior. Nos regosois a fração areia pode perfazer de 60% até 90%. Apesar de terem uma profundidade de aproximadamente 3 metros tem pequeno poder de retenção de água, são lixiviados, pobres e ácidos (ph-4,5 a 5) Estes solos são facilmente atacados pela erosão, e hoje são usados como pastagens.  d) Aparecem em menor área os solos hidromorfos, junto às baixadas, úmidas de coloração negra ricos em matéria orgânica e usados principalmente para a horticultura e cultivo de arroz. e) Os Litosois, solos muito rasos, formados a partir de arenitos e calcários são solos neutros e básicos (ph: 8). Exigem um cuidado especial no extremo sul do município. Como conclusão podemos afirmar que predominam no município os solos férteis propícios para a cultura da Cana de Açúcar. Os solos pobres (25%) são usados como pastos ou ainda cobertos para vegetação dos campos cerrados.

 

Orografia:

 

Serra do Descalvado: localizada ao sul do município com altura aproximada de 900 metros;

Morro do Descalvado: morro que deu nome a cidade, localizado ao sul do município com altura variando de 750 a 900 metros.

Serra da Estrela: localizada a oeste do município, com altura aproximada de 700 a 750 metros;

Morro da Janelinha: localizada a noroeste do município com altura aproximada de 700 metros. Famoso por várias lendas e crendices;

Morro do Quadrão:  pertence a Serra do Descalvado, localizada ao sul do Município, nos limites com Analândia  com altura aproximada de 700 metros.

 

HIDROGRAFIA:

Região Hidrográfica: Bacia do Mogi-Guaçu

Segundo trabalho do Prof. Helmut Troppmair, Descalvado é cortado por muitos rios, todos eles fazendo parte da bacia hidrográfica do Mogi-Guaçu. São afluentes da margem esquerda deste rio e se caracterizam pela sua direção geral sul-norte. Todos eles: o rio Quilombo, o rio Pântano e o rio Bonito (que são os principais) correm em vales amplos sendo que em algumas áreas o vale se alarga tanto que os rios se espraiam e começam a divagar, formando meandros. Uma análise da carta mostra que os sub-afluentes sempre desembocam perpendicularmente, indicando um aproveitamento dos diacleses de basalto ou outra estrutura geológica. A descarga de todos estes rios varia durante o ano de acordo com o clima. Na época da seca são pequenos riachos que se transformam em rios de grande volume d’água na época das chuvas. Graças a este volume d’água, seu poder de carregar sedimentos é muito grande. As áreas pantanosas são comuns, pois sendo planas, os rios perdem velocidade dando-se uma diminuição no poder de transporte causando a deposição de sedimentos. Devido a intensa sedimentação, estas áreas (como também em Corumbataí) não são aproveitadas para as culturas do arroz.  Merece destaque o rio do Pântano que nascendo  no alto do planalto ocidental (serra de Descalvado) se dirige para o “front” da cuesta.. Graças ao seu poder de encaixamento, foi erodindo as camadas menos resistentes até encontrar o arenito-silicificado, rocha dura, formando então uma belíssima queda.

Potamografia: São nossos rios:

Mogi-Guaçu – com o nome de Córrego do Corisco, o rio Mogi-Guaçu, nasce no Morro do Curvado numa altitude de 1.510 metros,  município de Bom Repouso em Minas Gerais (desligado política e administrativamente da Comarca de Cambuí no ano de 1.953). Só após percorrer cerca de 20 km em seu leito sinuoso, recebe o nome de Mogi-Guaçu no povoado de Tócos do Mogi. Percorre 95,5 km, em terras de Minas Gerais e através de uma garganta atravessa a Serra da Mantiqueira. Em terras de São Paulo percorre 377,5 km, completando a extensão de 473 km, com leito de rocha diabásica,  até desembocar no Rio Pardo nas proximidades de Viradouro. Atravessa 27 km de nosso município na direção nordeste-noroeste, com profundidade média de 2 metros. O nome Mogi-Guaçu, formado com palavras originais da língua indígena, tem o significado de “Rio da Cobra Grande”. Duas grandes enchentes do rio marcaram época, a primeira em janeiro de 1.929 e a maior em fevereiro de 1.970, quando o rio subiu sete metros e sessenta centímetros acima de sua altura normal. Mesmo com o desmatamento de suas barrancas, a poluição a que vem sendo submetido  e a diminuição do volume do manancial que reduziram os cardumes que todos os anos sobem durante as piracemas, ainda é considerado um rio piscoso. (Prof. Orestes Rocha – historiador de Porto Ferreira).

 

Rio do Pântano que nasce na divisa com Analândia, atravessando 40 km do município na direção sul-norte até desembocar no Mogi-Guaçu, tem pouca profundidade. Seus principais afluentes são os Córregos São João e Olho D'água.

 

Rio Quilombo nasce no limite com São Carlos, tem pequena profundidade e extensão de 22 km. Seu principal afluente é o Córrego das Anhumas.

 

Rio Bonito nasce ao sul do Município, corre por 32 km na direção sul-nordeste com pouca profundidade. Seus principais afluentes são os Córregos do Tamanduá, Ibicoara e Água Podre

 

Córrego da Prata nasce na zona suburbana de Descalvado e desemboca no Rio Bonito depois de correr por 5 km nos sentidos sul-norte e oeste-leste. É totalmente descalvadense, fornece água para a cidade.

 

Ribeirão da Areia Branca: Nasce ao leste do Município. Penetra no de Porto Ferreira, indo aí, desaguar no rio Mogi-Guaçu. Curso aproximado de 11 km.

 

Ribeirão Santa Rosa: Nasce ao sul do Município de Descalvado, próximo às nossas divisas com Pirassununga e avança, em sentido sul-oeste, penetrando, depois, de um curso todo descalvadense, de cerca de 11 km, no Município de Pirassununga.

 

Córregos: Olaria, Anhumas, Cajuru, Capivara, Descaroçador,  São João, Campo, Matança,  Espraiado, Ipiranga, Barra Grande ou Água Vermelha, Paraíso, Jacutinga, Paiolinho, Santa Rosa, Patos, Gaviãozinho, Água Podre, Sujo, Santa Eulália, Água Limpa, Capetinga, Santo Antonio, Cajuru, São Domingos, Cateto, São Rafael, Sapé, Prata, Gasoso, Serrinha, Bebedouro, Ibicoara, Gregório, Bomba, João Porto, Tabôa, Jatobá, Vila Nova, Tamanduá, Pinheirinho, Montes Claros, Capão Alto, Olho d'água, Água Choca, Capitinga, João Bias e Buraco da Onça.

 

SALTOS:

 

Pântano: localizado no Rio do Pântano, altura de 190 palmos ou 42 metros, com volume de água de 800 litros por segundo, dista 7 km do centro da cidade.

Curiosidade: Conta a tradição que o Salto do Pântano possui 72 metros de altura. Não é correto, sua altura é de 42 metros. Na década de 40 pensou-se em aproveitar a queda para construção de uma mini usina de energia elétrica. Os engenheiros constataram que o salto possuía 72 metros de queda livre, que é a medida de onde tem início a correnteza (30 metros acima do salto) acrescida da altura da queda (42 metros), o que totaliza os 72 metros. A bem da verdade, é necessário que se diga que o seu verdadeiro nome não é Salto do Pântano (denominação arraigada na mente do povo), mas sim Salto Dom Lino. Por que tal denominação? Respondamos com nossa história municipal. Vindo da cidade de São Carlos em demanda na cidade de Descalvado onde realizaria sua primeira visita pastoral, no ano de 1883, hospedou-se Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo da Diocese de São Paulo, à qual pertencia então, nossa paróquia, na Fazenda Jangada Brava, mais tarde Graciosa e de propriedade de Sebastião Fortunato de Oliveira Penteado. Visitando o belíssimo acidente geográfico pertencente, na época, à mesma propriedade agrícola, ante a admiração do Bispo, que se mostrou embevecido com o poético da cachoeira, seu hospedeiro denominou-o, então, Salto Dom Lino. Com o tempo, porém, essa denominação foi sendo esquecida, sendo absorvida, afinal, pelo de Pântano, nome do rio que o forma. Deve-se lembrar também que na década de 70, a Comissão Municipal de Turismo, tentou alterar o nome do salto para Descalvado. Tentativa em vão, prevaleceu mais uma vez a denominação popular de Salto do Pântano.

 

Gasoso: localizado no Córrego do Gasoso, altura de 30 metros, dista 9 km do centro da cidade.

 

São Rafael: localizado no Córrego São Rafael, altura de 35 metros, dista 12 km do centro da cidade.

 

Butiá: Localizava-se no Rio Bonito, no Bairro do Butiá, altura de 3 metros, distando 7 km do centro da cidade. Em 1972 foi destruído com uma carga de dinamite pelo Prefeito Deolindo Zaffalon para permitir que os peixes provenientes do Rio Mogi-Guaçu atingissem toda extensão do Ribeirão Bonito.

 

CORREDEIRAS:

 

Escaramuça: No Rio Mogi-Guaçu. Muito pedregosa, com cerca de 1.000 metros de comprimento, com pronunciado declive. Situada na Fazenda Escaramuça, onde pode-se distinguir ainda, o canal feito outrora para dar passagem aos vapores que realizavam viagens fluviais pelo Mogi, na primeira metade do século, exploração da Cia. Paulista de Estradas de Ferro e Viação Fluvial.

 

Gaviãozinho: No Rio Mogi-Guaçu, de pequenas proporções.

 

Patos: No Rio Mogi-Guaçu, de pequenas proporções.

 

Pântano: No Rio Mogi-Guaçu, perto da foz do rio do Pântano, de pequenas proporções.

 

 

 

VEGETAÇÃO: Campos e cerrados

 

Riquezas vegetais:

(a maioria extintas)

Cedro, peroba, cabreúva, canela, araruva, cinzeiro, peito-de-pomba, copaíba, guaraperava, angico, eucalipto.

 

O Professor Helmutt Troppmair escreveu: Povoado, desde meados de 1.800, o município de Descalvado sofreu a ação do homem que destruiu a maior parte da cobertura vegetal primitiva. O clima, como vimos no último artigo, com chuvas abundantes e temperaturas não muito extremas, permitiu a existência de uma vegetação bastante densa, a floresta latifoliada tropical. Ocorreu especialmente em áreas de solo fértil (latososos roxos) sendo por isso devastada nos meados e fins do século XIX quando se expandiu a cultura do café. O fato foi acentuado ainda mais graças à existência de madeira de lei na sua composição florística. Hoje restam somente pequenos vestígios que formam as reservas de mata de uma ou outra fazenda. Já na área de solos pobres (latosois amarelos fase arenosa) encontramos os campos cerrados. Vegetação esta com aspecto bem característico: árvores com máximo de 5 metros, galhos retorcidos, tronco coberto por uma casca áspera e grossa, raízes profundas que podem alcançar até 20 metros de profundidade. O cerrado apresenta dois aspectos conforme a estação do ano: na época da seca quando perde todas as folhas a fim de diminuir a transpiração forma um quadro desolador, já na época da chuva cobre-se com uma folhagem verde escura. É uma vegetação aberta, intercalada por gramíneas, principalmente a barba de bode, sendo aproveitado por isso para a criação. Os cerrados que cobrem extensa área do Brasil, ainda são um problema para os estudiosos, pois existem dois problemas fundamentais: Por que apresenta-se tão retorcido e com espécies atrofiadas? 1) Como podem ser aproveitados agricolamente estas áreas? 2) Quanto à primeira questão formulou-se várias hipóteses todas ainda em estudo. Assim considera-se os cerrados: a) Vestígios de uma vegetação passada (vegetação relíquia). b) Como resultado de queimadas anuais (ação antrópica). c) Como conseqüência de solos extremamente ácidos ou de alto teor salino (solos halofilos). Quanto à segunda questão do aproveitamento, também realizam-se ainda experiências, cujos primeiros resultados foram publicados no “Simpósio sobre os Cerrados” da Universidade de São Paulo. Finalmente, nas áreas de campo, encontramos um adensamento maior da vegetação junto aos rios, causado pela maior umidade do solo. É a mata galeria. Em síntese, podemos dizer que a floresta latifoliada tropical quase desapareceu totalmente, pois ocupava áreas de solos férteis, aproveitados para a cultura do café. Nos solos mais pobres temos os campos cerrados, vegetação que ainda constitui um problema a ser resolvido. Sofrendo anualmente a queimada, são áreas aproveitadas para a criação de gado. Nos campos encontramos um adensamento da vegetação que acompanha o curso dos rios, formando a mata galeria ou ciliar.

 

O desmatamento e o reflorestamento

O Prof. Helmutt Troppmair escreveu sobre o desmatamento e reflorestamento no município até o ano de 1965:  “A partir do meado  do século XIX e principalmente nas últimas décadas, a onda de café atingiu o município de Descalvado sendo então responsável pelo desmatamento de grandes áreas. Lembramos as palavras de Araújo Filho quando diz “desde os cafezais fluminenses, quando se faziam então as primeiras experiências com o produto que se tornaria o mais importante no país, até os atuais cafezais paranaenses, que os pioneiros desta riqueza procuram os solos cobertos de mata para formarem suas lavouras. Daquelas primeiras experiências nasceu como que uma regra, que há mais de século vem noteando nossos fazendeiros, numa tradição que nos tem custado bem caro, de maneira a fazer crer, mesmo entre os mais entendidos que fora das terras cobertas de mata, não é possível cultivar o café. Daí a escolha dos solos ser baseada nos chamados padrões de terra boa, isto é os pau d’alho, ceboleiro, angico, figueira branca, cambará, embauva verde e tantas outras essências de nossas matas tropicais. A técnica de plantio de maior declive contribuiu para que houvesse rápido esgotamento do solo, assunto sobre o qual existe vasta bibliografia. Na última década do século XIX e início do século XX Descalvado era o terceiro município produtor de café, com uma população rural de aproximadamente 36.000 habitantes, número que sofreu decréscimo para 9.000 em 1967. As conseqüências deste aproveitamento irracional das terras visando unicamente o café, deixou marcas profundas na paisagem agrária. Com o desmatamento deu-se a quebra do equilíbrio natural existente entre o meio ambiente e a vegetação, principalmente da floresta latifoliada com o microclima mais acentuado. Surgiu repentinamente uma situação oposta entre o clima equilibrado do interior da floresta e as amplitudes mais acentuadas das áreas desflorestadas. A insolação se intensificou registrando-se temperaturas máximas muito mais elevadas no decorrer dos dias para depois se registrarem mínimas mais acentuadas durante a noite. O livre acesso do vento diminuiu o teor de umidade do ar bem como aumentou a evaporação, fato que se reflete na quantidade de água no solo. As precipitações, antes freadas pela cobertura vegetal, podiam atingir livremente o solo, causando maior erosão areolar bem como uma lavagem intensa das camadas mais superficiais. Uma vez destruída a cobertura vegetal primitiva esta não se refaz, mesmo que haja longos anos de descanso. Haverá, isto sim, o aparecimento de capoeiras, cuja composição florística porém se caracteriza por espécies de “madeira mole”, com um espectro vital mais largo quanto ao clima e com menor exigência quanto ao solo. Coube à Companhia Paulista de Estradas de Ferro em 1936 a iniciativa de reflorestamento numa área do município. Apesar de a finalidade visada não ser o reflorestamento e sim a obtenção de madeira e lenha necessária para os dormentes e o combustível para suas máquinas a vapor. Em 2 hortos, Aurora e Descalvado, numa área de 9,20 km2 foram plantadas diversas espécies de eucalipto como Saligna, Grandis, Alba e outras, todas de rápido crescimento. Com o avanço do progresso, a Companhia Paulista substituiu suas antigas máquinas por outras movidas a óleo, passando os hortos a constituir verdadeiras reservas de madeira. Não havendo mais necessidade da madeira uma vez que os dormentes eram obtidos em outros hortos desta Companhia, iniciou-se em 1947 o corte, sendo o eucalipto na sua quase totalidade vendido às carvoarias. Uma delas, localizada na saída da cidade funciona até hoje, utilizando como matéria prima tanto o eucalipto, árvores do cerrado e de capoeiras como faveiro, angico, canela. A escassez de mata já se tornou tão acentuada que muitas vezes há necessidade de buscar-se a lenha num raio de 30 km. Fora do trabalho da Companhia Paulista, registram-se apenas áreas reflorestadas bem pequenas. Necessário se torna ressaltar que, os campos cerrados ao sofrerem a derrubada, conservam os faveiros que, não encontrando outro competidor e maior quantidade de luz desenvolvem-se bastante, ocupando área bem maior que a primitiva, originando uma mata homogênea. Os regosóis que, tão grande área ocupam no município, poderiam perfeitamente ser reflorestados pelo faveiro, espécie pouco exigente, quanto aos nutrientes do solo, para o qual contribuem com grande quantidade de matérias orgânicas, já que perdem totalmente as folhas durante a época da seca. Trata-se de uma espécie do próprio meio, que vinga com facilidade, de madeira bastante resistente e pode ser aproveitada para moirões de cercas ou então como lenha nas carvoarias. Outras espécies que se adaptam perfeitamente às condições de clima, mas principalmente às de solo, são além do eucalipto já citado, o Pinus Eliotti. O reflorestamento de qualquer uma destas espécies evitaria antes de mais nada os efeitos da erosão e do esgotamento do solo, pois como demonstram experiências feitas nos 2 hortos, há o enriquecimento de nutrientes no solo, demonstrando que o eucalipto, tido como esgotador de solos, ao contrário ajuda a enriquecê-lo. Estamos cientes de que se trata de uma tarefa difícil que exige a aplicação de grandes capitais para o preparo da terra, para a compra de mudas e para o extermínio das formigas. As formigas um dos mais sérios problemas no município causam enormes prejuízos. De difícil combate, somente uma campanha contínua e planejada pode trazer resultados positivos. Citamos a seguir alguns dados que exemplificam perfeitamente o que acima dizemos. Num dos talhões do horto florestal Aurora foram plantados em 1936 um total de 143.437 mudas das quais escaparam à destruição das formigas 105.820 ou seja, houve um prejuízo de 37.617 pés correspondente a 26.2% das mudas inicialmente plantadas. A Companhia Paulista realizou e ainda realiza o combate às formigas, tratando-se, porém,  de iniciativa isolada os resultados são apenas temporários. No horto Descalvado em 1964, numa área de 3,6 km2 foram exterminados 14 formigueiros e 3.504 olheiros empregando-se um total de 144.705 cm3 de formicida MM33. Três anos mais tarde foi refeito o combate na mesma área extinguindo-se desta vez 94 formigueiros abrangendo cada um 40 a 50 m2 de área. Outro problema ligado ao eucalipto é seu aproveitamento econômico. De crescimento rápido as diferentes espécies, após 10 anos alcançam um tronco de 20 cm de diâmetro, permitindo o primeiro corte. Muitos pés, em média 45%, não se recuperam satisfatoriamente aos quais se soma mais 10% após o segundo corte. A retirada das máquinas a vapor fez com que em 1948 a quase totalidade das árvores existentes nos 2 hortos fossem vendidas a carvoarias, restando hoje uma área insignificante. Entre 1936 e 1948, foram plantadas um total de 1.907.835 pés de eucaliptos dos quais 25% foram destruídos pelas formigas, 56,2% foram entregues a carvoarias existindo hoje somente 369.995 ou seja, 18,8%. Outros reflorestamentos são áreas pequenas, muitas vezes apenas cercas vivas entre as propriedades ou delimitação de áreas de diferente aproveitamento agrícola. É pois de extrema urgência que sejam tomadas providências a fim de recobrir com vegetação as terras expostas à erosão e ao empobrecimento pela lavagem dos horizontes superficiais pelas águas pluviais”.

RIQUEZAS ANIMAIS:

(a maioria  extintos)

 

Capivaras, veados, pacas, cotias, preás, tatus, catetús, tamanduás, pintassilgos, avinhados, azulões, pássaros-pretos, juritis, rolinhas, tiês, inhambus, siriemas, saracuras, perdizes, paturis, codornas, jacus, frangos d'água, ticos-ticos, sabiás, corimbatás, dourados, piavas, pacus, lambaris, canivetes, ferreirinhas, taguaras, peixes-sapo, piracanjubas, piaparas, mandis, tambiús, bagres, traíras, cascudos, tabaranas, piaparões.

 

LIMITES

 

- Norte - Luiz Antônio

- Noroeste - Santa Rita do Passa Quatro

- Leste - Porto Ferreira

- Sul - Analândia

- Sudeste - Pirassununga

- Oeste - São Carlos

 

DIVISAS:

 

Luís Antônio: Começa no Rio Mogi-Guaçu, na foz do rio Quilombo e sobe, por este, até a Foz do Ribeirão Vassununga.

 

Santa Rita do Passa Quatro: Começa na foz do Ribeirão Vassununga, no Rio Mogi-Guaçu e sobe por este até a foz do Córrego da Barra Grande ou Água Vermelha.

 

Analândia: Começa no alto do Morro do Quadrão, na cabeceira mais ocidental do Córrego  Capão Alto, prossegue pela cumeada do Morro à procura da cabeceira do Córrego Pinheirinho, e por este desce até o Rio do Pântano, pelo qual sobe até a foz do Córrego  Montes Claros.

 

São Carlos: Começa na confluência  do Ribeirão do Pântano, com o Córrego Montes Claros, vai pelo contraforte que entronca com o espigão divisor das águas do Ribeirão do Pântano e o Rio Quilombo, segue, por este espigão, até a cabeceira mais meridional do Rio Quilombo, por este desce até a foz do Córrego Jacutinga, pelo qual sobe até a sua cabeceira mais setentrional, segue pelo contraforte Anhumas-Quilombo em demanda da cabeceira mais meridional do Córrego do Paraíso, pelo qual desce até a foz do Rio Quilombo, desce por este até o Rio Mogi-Guaçu, onde tiveram início estas divisas.

 

Pirassununga: Começa na foz do Córrego Bebedouro, no Ribeirão Santa Rosa, e segue pelo divisor entre duas águas até o espigão que deixa à direita, as águas do Rio Bonito e à esquerda as dos Ribeirões do Roque e Laranja Azeda, segue por este espigão até a ponta mais oriental do Morro do Quadrão e pela cumeada deste, segue até a cabeceira mais ocidental do Córrego Capão Alto, afluente do Ribeirão Descaroçador.

 

Porto Ferreira: Começa no Rio Mogi-Guaçu, na foz do Córrego Barra Grande ou Água Vermelha, sobe por este até a foz do Córrego João Dias, pelo qual sobre até a sua cabeceira mais setentrional, segue em reta, até a cabeceira do galho mais setentrional do Córrego Capetinga, e por este, desce até a sua foz, no Rio Bonito, desce ainda por este, até a foz do Córrego Paiolzinho, segue em reta até a foz do Córrego Sapé, até a sua cabeceira, vai em reta até a foz do Córrego Bebedouro, no Ribeirão Santa Rosa.

 

PRIMEIRAS RODOVIAS

                Descalvado interligou-se por rodovia estadual de terra com Porto Ferreira e São Carlos no ano de 1.922, mesmo ano em que foi inaugurada a estrada também de terra ligando São Paulo a Ribeirão Preto. A via Anhangüera começou a operar entre os anos de 1.956 e 1.957. Somente na metade da década de 60, Descalvado receberia a Rodovia Dr. Paulo Lauro e a via de acesso Antonio Benedito Paschoal, que nos ligaria definitivamente por asfalto até a capital paulista.

 

RODOVIAS ASFALTADAS

 

Dr. Paulo Lauro (SP-215) - Rodovia asfaltada que liga Descalvado a Via Anhangüera (Porto Ferreira) e Via Washington Luiz (São Carlos);

Rodovia Guilherme Scatena - Rodovia asfaltada que liga Descalvado a Usina Ipiranga de Açúcar e Álcool;

Rodovia José Perna Sobrinho - Rodovia asfaltada que liga Descalvado a Usina Santa Rita, Via Anhangüera e Santa Rita do Passa Quatro;

Rodovia Vito Gaia Puoli - Rodovia parcialmente asfaltada que liga Descalvado ao município de Pirassununga;

Benedito Simel - Rodovia parcialmente asfaltada que liga Descalvado a Analândia

Antonio Benedito Paschoal - Via de acesso que liga Descalvado a Rodovia Dr. Paulo Lauro, sentido Porto Ferreira.

Juvenal Pozzi - Via de acesso que liga Descalvado a rodovia Dr. Paulo Lauro, sentido São Carlos

 

 

POPULAÇÃO

ANO

URBANA

RURAL

TOTAL

1.872

?

?

5.709

1.883

2.800

?

?

1.886

2.777

5.450

8.257

1.889(*)

5.000

7.000

12.000

1.900(*)

3.000

27.000

30.000

1.910

3.200

26.000

29.200

1.920

4.025

18.010

22.035

1.930

4.100

?

?

1.940

4.300

?

?

1.950

4.454

9.659

14.113

1.960

7.220

8.639

15.859

1.965(*)

8.000

8.000

16.000

1.970

9.666

5.847

15.513

1.980

13.941

6.830

20.771

1.991

20.234

5.500

25.734

1.994

24.286

6.605

30.891

1.996(*)

20.234

5.500

25.237

1.997(**)

22.203

4.817

27.020

2.000(***)

24.190

4.782

28.972

(*) Números estimados

Obs.: Descalvado sempre manteve proporcionalidade entre a população masculina e feminina.

(**) Em 1.997 a população de 27.020 habitantes estava distribuida em 13.571 homens e 13.449 mulheres.

(***) Em 2.000 a população de 28.972 habitantes estava distribuída em 14.479 homens e 14.493 mulheres, com uma taxa de crescimento anual de 1,76.

                O Professor Helmut Troppmair escreveu: Segundo as estimativas do I.B.G.E da Prefeitura a população do Município de Descalvado em 1970 era de 15.513 pessoas, sendo que em todo mundo observa-se um êxodo rural, já que a população do campo se dirige às cidades à procura de maior conforto, mais segurança salarial e melhores condições de assistência médica social.         Os dados que seguem mostram que em conjunto a população do município está diminuindo, apesar da cidade crescer.

Ano

Município

Cidade

Campo

1883

?

2.800

Campo

1900

30.000

3.000

27.000

1910

29.200

3.200

26.000

1920

       ?

4.000

       ?

1930

       ?

4.100

       ?

1940

       ?

4.300

       ?

1950

14.200

4.500

9.700

1960

15.800

7.230

8.639

1965

16.000

8.000

8.000

1970

15.513

9.666

5.847

   

Curiosidade: Somente 1 século depois no ano 2.000 Descalvado voltaria a ter a população do ano de 1.900 ou seja em torno de 30.000 habitantes  

                O aumento verificado principalmente no fim do século XIX e começo do século XX, se explica por 2 fatores.

I - A cultura do café, alcança as grandes áreas de terra roxa, há uma enorme expansão da cultura do café que coincide com a abolição da escravatura e assim a falta de braços. Imigram dos países europeus superpovoados, italianos, portugueses, alemães e outros dirigindo-se para as frentes pioneiras. De 1890 a 1910 o município de Descalvado recebeu, aproximadamente 3.000 famílias de imigrantes italianos. Ainda hoje podemos verificar este fato e como exemplo de amostragem citamos os alunos da primeira série do Ginásio de Descalvado em 1966: 18 alunos tinham sobrenome italiano, 10 sobrenome português, 6 sobrenomes espanhol, 4 sobrenome alemão e 3 sobrenome japonês. O primeiro fator responsável pelo crescimento demográfico no início do século foi a imigração.

II - Como segundo fator citamos o crescimento vegetativo, que é a diferença entre nascimento e mortes.

 

Eis alguns dados colhidos no registro civil local:

Ano

Nascimento

Mortes

Cresc. Vegetativo

1910

900

400

500

1920

800

350

450

1930

500

280

220

1940

650

200

450

1950

480

110

370

1960

520

105

415

1961

480

90

390

1962

450

80

390

1963

250

90

160

1964

480

100

380

1965

350

90

260

 

                Pelos dados verificamos que, com exceção de 1940, nota-se uma diminuição nos nascimentos. Este fato está ligado à imigração. No fim do século XIX, começo deste, Descalvado era frente pioneira com uma população numerosa (30.000 habitantes em 1910). Gente jovem, forte para o trabalho, querendo trabalhar, progredir e constituir família numerosa, uma vez que sete a dez filhos era comum. Porém os solos se esgotaram, o café avançou mais para o interior e com ele se foi grande parte da população. Por outro lado, o índice de mortalidade também foi diminuindo gradativamente de 400 para 90, indicando que os trabalhos de saneamento contra a febre amarela, tifo e malária deram resultados positivos. O número crescente de médicos que deram e dão assistência à população, juntamente com o trabalho da Santa Casa, o índice de mortalidade forçosamente tinha de diminuir.         O crescimento vegetativo varia constantemente nestes últimos 50 anos, porém o que se verifica em linha geral é que, se há uma redução de nascimentos , este fato é parcialmente compensado pelo menor número de mortes.

 

ELEITORES:

 

1959 - 3.119 eleitores

1963 - 3.909 eleitores

1968 - 5.225 eleitores

1972 - 6.164 eleitores

1976 - 7.398 eleitores

1982 - 10.722 eleitores

1988 - 13.074 eleitores

1992 - 16.059 eleitores

1994 - 16.900 eleitores

1996 - 18.078 eleitores

1998 – 19.161 eleitores

2000 – 20.036 eleitores

 

 

EDIFICAÇÕES EM DESCALVADO

 

O primeiro registro que se tem é do ano de 1889, com 750 prédios erguidos na sede urbana, sendo 600 casas e 150 estabelecimentos comerciais. Levantamento este feito pela Câmara Municipal junto a Administração Geral dos Correios, pleiteando a abertura de uma agência em Descalvado.  Abrigavam cerca de cinco mil pessoas. A grande força populacional descalvadense, nesses tempos, se concentrava nas fazendas, com mais de sete mil habitantes. Grande parte dessa imensa massa humana, transbordava para a cidade aos sábados e domingos dando um inusitado movimento. Curiosamente no levantamento feito em 1893 o número de prédios caia para 397; e falava-se em dois mil habitantes na área urbana e mais de vinte mil na zona rural. Fruto talvez das epidemias? Em 1900, tínhamos 406 prédios urbanos; em 1910, seu número atingia o número de 431; em 1920, 531 prédios formavam a sede municipal; em 1930, 805 prédios na cidade; em 1940, 789 eram arrolados na sede do município. Vê-se por essa simples demonstração, que o crescimento era lento a esse respeito. Sede urbana de poucos fogos, no dizer pitoresco dos antigos, mas sustentada pela crescente demografia rural que chegou a trinta mil habitantes, entre a primeira e a segunda década do século. No censo de 1950, tínhamos 940 prédios. No de 1960, 1626 prédios. Em 1970, 2.443 prédios. A partir daí é que começamos a ter um crescimento significativo.

 

NÚMERO DE PRÉDIOS POR ANO A PARTIR DE 1.889:

 

1889 – 750; 1893-397; 1894-397; 1895-392; 1896-396; 1897-407; 1898-407;1899-407; 1900-406; 1901-396; 1902-403; 1903-405; 1904-407; 1905-415; 1906-418; 1907-419; 1908-426; 1909-432; 1910-431; 1911-442; 1912-471; 1912-491; 1914-500; 1915-501; 1916-502; 1918-527; 1919-533; 1920-531; 1921-534; 1924-591; 1925-595; 1927-630; 1928-651; 1929-662; 1932-669; 1935-674; 1936-675; 1937-697; 1938-732; 1939-753; 1940-789; 1941-805; 1942-825; 1943- 842; 1944-857; 1945-867; 1946-866; 1947-891; 1948-901; 1949-921; 1950-940; 1951-965; 1952-1040; 1953-1112; 1954-1180; 1955-1230; 1956-1420; 1957-1438; 1958-1480; 1959-1540; 1960-1626; 1961-1634; 1962-1677; 1963-1780; 1964-1834; 1965-1922; 1966-3036; 1967-2.140; 1968-2228; 1969-2351; 1970-2443; 1971-2512; 1972-2547; 1973-2644; 1974-2724; 1975-3081; 1976-3285; 1977-3.374; 1980-5744.

 

Obs.: O número de prédios no ano de 1.889, foi levantado pela Câmara Municipal e enviado à  Central dos Correios em São Paulo, para pleitear a abertura de uma agência em Descalvado.

O Professor Helmut Troppmair em 1965 escreveu: “Cidade não seiscentista e nem setentista, quando o sobrado era uma constante nas cidades e vilas brasileiras; e burgo não erguido em cercanias montanhosas e nem ladeirentas, Descalvado bem oitocentista mas mais novencentista sempre foi cidade de poucos ou quase nenhum sobrado. Sua primeira construção assobrada urbana foi da Santa Casa de Misericórdia, nos fins do século XX, resumia-se a sede urbana em pouco mais de tresentas edificações, algumas verdadeiras mansões (amplas, altas cheias de portas e janelas artisticamente acabadas), mas exceção feita do velho nosôcomio da Paula Carvalho e da sede de nossa justiça nenhuma delas erguendo-se em sobrado. Estes eram mais comuns nas fazendas, nas casas-da-sede, onde, em verdade girava mais a vida comunal em torno da cafeicultura no ápice, com seus sagrados ciclos de trabalhos anuais: colheita, varreção, coroação, monda, mormente a colheita que reclama a presença do dono, porque era a festa de sua fortuna e da sua fartura. Porém começaram a surgir alguns pioneiros nesse setor. O primeiro sobradinho que se tem notícia ficava onde hoje está a Escola de Datilografia na esquina das ruas Coronel Arthur Whitaker e José Bonifácio, curioso é que a parte térrea foi edificada em alvenaria e a parte superior em madeira. Depois foram construídos: do Gürtler na Avenida Coronel Rafael Tobias, na parte inferior a sorveteria do Juca e no alto a residência, Carlos Mayese, também na Coronel Tobias, onde residia e era inteligente industrial, levantou um modesto sobrado, mas de alto valor histórico, Jorge Melki, muito corajosamente, ergueu na Rua Cel Arthur Whitacker, um  dos maiores sobrados dos poucos de nossa terra e que foi mais tarde demolido para, no mesmo local, erguer-se o prédio da agência local do Banco Comercial do Estado de São Paulo e o Cap. Francisco Machado Santos construiu um pequeno sobrado, ao flanco de conhecido hotel, na Rua Siqueira Campos. É bom lembrar que certos fazendeiros, ricos e devedores de muito a Descalvado, iam gastar os largos lucros dos nossos fecundos cafezais de então, na capital ou mesmo na Europa, aqui nada edificando, portanto pouco dando ou mesmo nada dando à terra de sua prosperidade. Faça-se certa justiça, porém nem todos de nossos proprietários rurais assim agiram pois houve os que, inteiramente radicados na terra de seu nascimento ou de sua fortuna, nela erigiram belas apalaçadas residências, porém somente Antonio de Campos Penteado, de grandes tradições locais, ergueu um sobrado na urbe, aliás o  mais belo dela, e hoje a sede social do CERD obra custosa dos primórdios do século atual. E depois Descalvado argentário do café viu transcorrer diversas décadas de sua existência urbana, entre surtos progressistas e interemezos de crises sempre com prevalência de prédios térreos em suas construções normais muitas delas gigantescas até para fábricas; e outras espaçosas e artísticas para residência; até que, na década de 40 Orderigo Gabrielli ergiu belíssimo sobrado na Rua José Bonifácio. Na década de 50 o Estado erigiu o vasto e formoso prédio onde se localiza o nosso Ginásio, conquista de abnegados descalvadenses, junto à política estadual. Na década de 60 as construções semelhantes foram animadoras, o Prefeito Deolindo Zafflalon ergueu o belo funcional prédio do Paço Municipal, sem dúvida alguma, orgulho da gente descalvadense e um dos mais belos de nosso interior; Nassim Sabongi levantou o prédio mais alto de nossa cidade, e em seus três pavimentos para residência e fins comerciais; e, ainda para residência e fins comerciais, foram erigidos, com dois pavimentos, prédios de propriedade de César Martinelli, Antonio Luiz Bispo, Agnello Timotheo do Amaral, Dr. João Francisco Ravasi, Felício De Falco e Moycir Rusca; e para fins especificamente bancário, os prédios do Banco Moreira Salles S/A e do Banco Federal – Itaú S/A nos antigos locais de suas sedes entre nós. As perspectivas nesse setor, parecem-nos magníficas. Década de 60, época das construções verticais das construções de nossos prédios altos, de nossos modestos arranha-céus. É de crer que o progresso nos bafeja e que estímulos não nos faltam com esses claros exemplos dados pelos idealistas aqui alencados. Apelamos para os industriais para os comerciantes para os agricultores e pecuaristas, para os homens de bens de Descalvado, para que ergam Descalvado mais para o alto, em direção às nuvens, para que lancem nossa  cidade para cima, mais para cima, dando-lhes modernos prédios de diversos pavimentos embelezando assim a paisagem urbana e inscrevendo-a entre aquelas cidades de nosso Estado e do Brasil que começam a copiar, guardadas as devidas proporções, as megalópolis do mundo contemporâneo. Vejamos quem será aquele que escreverá seu nome, em nossa municipal história, erguendo o primeiro arranha-céu de Descalvado, de porte médio mesmo, ligando seu nome benemérito à magnífica iniciativa. É certo que este prédio surgirá um dia, um dia talvez não muito longínquo. Só falta um passo de coragem e de amor a esta terra e o milagre estará feito. Antecipamos nossas homenagens e nossa gratidão de urbanista de Descalvado a esse homem ou a esses homens dos novos tempos de grandes cometimentos, empreendendo tais grandiosas obras. Já é tempo de subirmos em direção ao nosso formoso e bonito céu, alegria de nossos olhos descalvadenses. Num pulo no tempo na década de 80 seria inauguração o primeiro edifício destinado a condomínio residencial na esquina das ruas Bezerra Paes com 24 de outubro, construção administrada pelo engenheiro Sergio Franco de Lima. No ano de 1.997 seria inaugurado o maior Condomínio Residencial Descalvado, na rua José Bonifácio, 450 com 10 andares. O prédio com 20 metros de frente por 26 de fundos foi iniciado em 6 de agosto de 1.986 e inaugurado em 15 de outubro de 1.997. 10 andares com duas unidades, área útil de 108,87 m2, área comum de 54,07 m2, num total de 162,94 m2, possuindo uma vaga garagem por apartamento, um elevador social e um de serviço. O prédio foi edificado em terreno de propriedade do Casal Balkis Arruda Kastein Martinelli e Raul Pinto Martinelli. Esta obra teve sua construção executada pelo Grupo Três Construtora e Incorporadora Ltda com elaboração do Projeto Arquitetônico pela Arquiteta Neusa Mistco Takagi e responsáveis técnicos os engenheiros Milton Montani Junior e José Ramalho Gabrielli Junior, este último responsável pela administração/construção da obra desde seu início até a entrega aos condôminos. A execução foi pelo sistema preço de custo, o que sifnifica que os custos mensais eram rateados por todos os proprietários, um dos motivos da demora em sua execução, vez que nem sempre todos os condôminos podiam desembolsar no mês a quantia necessária para os serviços, somando-se a isso as crises econômicas e mudanças monetárias passadas pelo país.  Os condôminos iniciais foram Raul Pinto Martinelli, José Ramalho Gabrielli Junior, Maurício Fregonesi, José Carlos Calza, Claudomiro Luiz Ijorshi,  Accácio Ferraz, Helena Tognetti Ruy, José Dias Bolcão, Waldomiro Bortoletto, José Maria Constante Melki, Luiz Antonio do Pinho, João Antonio Motta, Fila & Filla Ltda, João Ravazi, Luiz Francisco Lefcadito Álvares, Valdecir Bernardo Casteglione, Carlos Alberto Pulici e José Eduardo Pinesi. Até a inauguração muitos venderam suas cotas dando lugar a novos proprietários:  Marcio Luís Fregonesi, Berbard Divry, Francisco César Ruiz, José Elisio de Moraes, João Carlos Fregonesi, Ademir Sebastião Mauro, Joãi Iseppe, Luiz Gonzaga Marcatto, Regiane Delgado, Nassim Sabongi, Manoel Americano, Luiz Gonzaga Fortunato da Silva e outros. Em construção encontra-se outro edifício na rua Coronel Arthur Whitaker com frente para a Praça Barão do Rio Branco, administrado pelo engenheiro Honório Luiz Prata.


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